Com 45 data centers, Colocation exige serviços para continuar crescendo no Brasil
Rafael Garrido*
Colocation no Brasil é uma febre. Contamos com 45 data centers que oferecem serviços de Colocation (dados do Data Center Map); a maior concentração acontece no Estado de São Paulo (14 data centers) e, em segundo lugar, no Estado do Rio de Janeiro (7 unidades). Em termos de América Latina, os próximos países a se diferenciarem em Colocation são a Argentina, com 13 data centers focados neste modelo, seguido pelo México, com 10 unidades. Segundo o MarketWatch, em todo o mundo esse mercado deve chegar à marca de US$ 62 bilhões até 2022. A tendência é confirmada por dados do IDC: até 2023, a oferta de “floor space” de data centers de Colocation chegará a 70 milhões de metros quadrados. Como comparação, em 2023 a oferta de espaço em data centers privados será de 20 milhões de metros quadrados.
O cliente de Colocation é uma empresa usuária que opta por não investir em data centers próprios, preferindo utilizar data centers com perfil de Services Providers, com pagamentos mensalizados. Um data center que oferece serviços de Colocation coloca à disposição do cliente um espaço dedicado que fornece toda a infraestrutura para receber os racks com servidores, roteadores, etc. da empresa usuária. Essa base inclui soluções de energia e sistemas de climatização, tecnologias essenciais para a continuidade da operação do data center.
O mercado se subdivide entre data centers que apostam em Colocation “puro” – o aluguel de um espaço dedicado que não agrega outros serviços aos clientes – e players que partem da entrega do espaço dedicado e, a partir daí, vão acrescentando serviços, como oferta e implementação de servidores, além de gerenciamento da infraestrutura de energia e ar condicionado.
Os data centers de Colocation suportam a transformação digital da nossa economia.
O Brasil já conta com grandes players globais do mercado de Colocation: Equinix, Ascenty (adquirida pela Digital Realty), Odata (que conta como sócio a CyrusOne) e T-System, entre outros. Todos entregam serviços de Colocation e todos seguem investindo na ampliação desta oferta no Brasil. Nesse grupo há empresas que atuam como a base local das grandes nuvens globais (Google, AWS, Microsoft e Facebook). A expansão dessas nuvens no Brasil implica na expansão do data center de Colocation. Há casos em que a velocidade de crescimento é vertiginosa, com novos data centers de Colocation sendo contratados e entregues em tempo recorde. Estamos falando de ambientes com espaços que chegam a 5000 metros quadrados e que, quando lançados, já estão plenamente ocupados. Isso está acontecendo aqui e agora.
Esse perfil de uso caracteriza os data centers Hyperscale. De acordo com a empresa de análise de mercado IDC, um data center é considerado Hyperscale quando possui mais de cinco mil servidores ou conta com mais de mil metros quadrados de área.
Colocation inclui, também, o segmento de Varejo, em que normalmente o cliente é menor e contrata espaços mais reduzidos.
Neste modelo, constrói-se o data center para depois vender o espaço, em unidades que partem do metro quadrado para chegar a milhares de metros quadrados. É uma lógica de negócios bem diferente do modelo Hyperscale. Como o Colocation em formato Varejo acaba sendo uma resposta à otimização dos recursos de TI e Telecom das empresas usuárias, é comum que, além do espaço físico, esse tipo de cliente contrate uma quantidade maior de serviços. Aqui pode acontecer uma transferência real da operação para o data center de Colocation.
Em todos os casos, um único valor norteia as decisões do gestor do data center de Colocation: garantir a continuidade dos serviços e evitar o downtime. Essa falha causa prejuízos financeiros que podem chegar a atingir o valor da marca – especialmente no caso de empresas digitais que dependem da qualidade de serviços do data center para fidelizar o cliente.
Segundo a pesquisa 2016 Cost of Data Center Outages, levantamento realizado em 2016 pelo Instituto Ponemon e pela Vertiv, o impacto do data center outage é alto. Um downtime de 1 minuto provoca perdas que começam na faixa dos 36 mil Reais. O tempo médio de um downtime é de 80 minutos; em 2016, isso significava prejuízos de até 3 milhões de Reais. A extrema criticidade da operação provoca, portanto, uma pergunta que atormenta a todos: “o que eu posso fazer para minimizar o risco de downtime?”.
Em 2019 e nos próximos anos, a resposta a esse dilema passa pela maturidade da cultura de serviços dos fornecedores do data center de Colocation.
Essa cultura é fortalecida pela qualidade de tecnologias de energia, resfriamento e gestão térmica do data center, mas vai além dessa base. A oferta de serviços 24x7x365, em todas as regiões do Brasil, para todos os tamanhos de data centers, é essencial para a economia digital. A confiabilidade da infraestrutura de missão crítica do data center aumenta com a constante monitoração do ambiente e um plano regular de serviços de manutenção preventiva.
Dentro deste contexto, irá se diferenciar a empresa que, inteira, tem o DNA da missão crítica em si, em todos os níveis organizacionais. No Dia de Natal, esse fornecedor de infraestrutura para data centers não deve ter somente um time de profissionais de plantão; é essencial contar com vários times de prontidão, do atendimento telefônico ao serviço de campo, da gestão de frota à emissão de notas fiscais, da expedição de peças ao gestor do centro de serviços remotos ao cliente. Ou seja: a organização inteira (pessoas, processos, produtos) está empenhada em garantir a continuidade dos serviços do data center, qualquer que seja o horário do chamado e a localização do data center.
A instalação de cabos submarinos que ligam Boca Raton, nos EUA, à praia do Futuro, em Fortaleza, é uma indicação do aumento da procura por serviços digitais de alto nível nesta região. O desafio da entrega de serviços aumenta, ainda, com a disseminação do Edge Computing e dos mini data centers – algo que já está acontecendo no nosso mercado. O Brasil é muito grande e o provedor de serviços para o data center de Colocation tem de estar – segundo as melhores métricas de SLA (Service Level Agreement) – a 50 km de distância de seu cliente ou a menos de 2 horas de viagem. Não é possível estar no Brooklin, em São Paulo, e em poucos minutos resolver o desafio de um data center na região de Campinas.
Vencerá o gestor de data center que equacionar fatores como a experiência dos profissionais de seu fornecedor, a distância geográfica entre o provedor de serviço e sua própria operação e o alinhamento deste parceiro às boas práticas. O prêmio será o crescimento do data center, das empresas, do Brasil.
*Rafael Garrido é diretor geral da Vertiv Brasil.