Sem a TI, a jornada de transformação da empresa ESG é impossível
Luis Arís*
A pandemia mostrou que todos – pessoas, empresas, países – dependem uns dos outros para seguir vivos. Essa verdade está acelerando a disseminação dos conceitos e métricas do modelo ESG (Environment, Social e Governance, ambiente, social e governança) entre empresas de todas as verticais e regiões. Para estar em conformidade com o ESG, a empresa precisa entrar num ciclo de melhoria contínua. Torna-se essencial rever seu próprio DNA, analisar como a companhia se posiciona em relação à sociedade e ao planeta e, a partir daí, tornar-se mais transparente para o mercado. Pesquisa da consultoria State Street Global Advisors realizada em 2018 a partir de entrevistas com 475 grandes empresas de investimento de todo o mundo mostra que 80% desse universo prioriza empresas alinhadas às normas ESG. Entre jovens investidores e consumidores, a bandeira ESG é algo intrínseco à sua identidade. Estudo feito pelo Bank of America em 2020 a partir de entrevistas com 14.500 pessoas da geração Z (nascidos entre 1996 e 2016) vivendo em 10 países aponta que 80% desse público prefere investir e comprar de empresas alinhadas com as métricas ESG.
Os ganhos para quem aderiu ao ESG são concretos. Relatório divulgado pela Merryll Lynch Global Research em setembro de 2019 mostra que a rentabilidade das ações de empresas com o selo ESG superou a média de mercado em 3 pontos percentuais a cada ano entre 2014 e 2019. Não surpreende, portanto, que estudo da S&P 500 divulgado em julho de 2020 aponte que 90% das 500 maiores empresas dos EUA tenham publicado em 2019, relatórios sobre suas políticas ESG.
A empresa que busca alinhar-se às melhores práticas ESG tem de gerar relatórios sobre essa jornada, estudos que partem de um imenso e variado data lake para construir análises precisas o grau de maturidade da organização.
Os principais relatórios ESG medem:
– Sustentabilidade: nível de emissões de carbono, ações da empresa para preservar a qualidade do ar e da água, programas de reciclagem de lixo etc.
– Social: adesão a programas de diversidade, satisfação do cliente e dos colaboradores, proteção de direitos humanos, respeito à legislação trabalhista.
– Governança: a heterogeneidade do conselho da empresa e dos comitês de auditoria, problemas de corrupção ou suborno, políticas de pagamento aos executivos.
É impossível coletar dados sobre aspectos tão diferentes da vida da empresa sem o uso da tecnologia.
Os times de TI são estratégicos para o alinhamento às métricas ESG – são esses profissionais que, a partir de uma visão holística, estão monitorando de forma digital latas de lixo, impressoras, UPS, elevadores, sistemas de ar-condicionado, chãos de fábricas, aplicações de negócios e processos de trabalho para medir o quando esses e muitos outros elementos estão contribuindo, ou não, para o alinhamento da organização às métricas ESG.
Nesse contexto, é essencial usar plataformas de monitoração para, a partir da coleta de dados feita por sensores, gerar dashboards e relatórios sob medida para os casos de uso acima e muito mais. Há empresas que já estão colhendo os resultados dessa estratégia.
ENGIE Solutions – Gigante francesa de fornecimento de energia, a Engie Solutions precisava monitorar instalações operacionais, agências de atendimento ao público e seus data centers, entre outros ambientes. A forte cultura IoT da empresa, com a constante expansão do uso desses dispositivos para medir tudo o que se passa desde o gerador de energia até a casa de cada usuário, exigia que a monitoração se ampliasse ainda mais. A empresa utiliza, hoje, 25.000 sensores de monitoração – desse total, 15.000 sensores controlam o que se passa com os dispositivos IoT da Engie Solutions. Isso inclui a monitoração de relógios de luz, sistemas integrados de aquecimento e turbinas de vento. A empresa tem como meta gerar até 80 GW de energia renovável até 2030.
Aquafin – Essa empresa holandesa de saneamento de água e de tratamento de esgotos conta com uma solução de monitoração para controlar o que está se passando em suas 2000 estações de fornecimento de água e 318 estações de tratamento de esgotos. Uma das aplicações mais críticas é a geração de alertas sobre água já utilizada e descartada indevidamente em rios. Por lei, a Aquafin tem 15 minutos para reportar esse fato à Flemish Environmental Society. A empresa usa 30 mil sensors de monitoração em seus ambientes.
Kennedy Industries – Essa organização fornece a várias empresas de saneamento de água do estado de Michigan, EUA, dispositivos como bombas, válvulas, sistemas de controle e serviços especializados. A Kennedy Industries utiliza soluções de monitoramento para manter seus equipamentos implementados em estações de tratamento de água funcionando de forma contínua. Os dados coletados online e em tempo real são apresentados em dashboards construídos pela Kennedy Industries para cada uma das empresas de tratamento de água que utilizam suas soluções. Esses painéis de controle informam o status dos ambientes, gerando de forma preditiva alertas que podem evitar problemas como aquecimento de bombas de água ou inundação de instalações.
A jornada em direção ao ESG está intimamente ligada à transformação digital das empresas. Nesse quadro, a equipe de TI tem um papel estratégico. Gera informações muito bem fundamentadas para que, a partir dessas evidências, a empresa como um todo consiga melhorar os negócios, e o mundo.
*Luis Arís é gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler LATAM
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